Queda de árvore em Porto Alegre mata uma pessoa e fere outras duas
Durante a tarde deste sábado, uma árvore com cerca de 20 metros de altura desabou no Parque Farroupilha (Redenção), na Capital, matando uma pessoa e deixando outras duas gravemente feridas. Leonir Heinen, de 64 anos, morreu no local. Os outros dois feridos foram identificados como Yuri Serafim Guisalberti, de 21 anos, e Diego Duarte Costa Azevedo, de 33 anos. Ambos foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).
Yuri foi atingido na região abdominal e teve que passar por um procedimento cirúrgico. Até as 22h de sábado, ele permanecia internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HPS. Diego também seguia no hospital para a realização de exames. A queda do eucalipto aconteceu na região popularmente conhecida como "Cachorródromo". Pessoas que estavam próximas ao local afirmam ter ouvido "alguns estalos" e dizem que o desabamento foi muito rápido.
— Deu um barulho e logo vimos todo mundo correndo. Muitos foram em direção à árovre para ajudar a socorrer os feridos — conta o estudante Humberto Gonçalves, 22 anos, que estava passeando pelo parque. Um grupo de pessoas retirou alguns galhos e ajudou a erguer os troncos que estavam por cima das pessoas atingidas. Poucos minutos depois, os bombeiros chegaram ao local.
— É triste acontecer isso em um lugar tão legal — lamenta o estudante.
Confira a movimentação para isolar a área após a queda:
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O homem que morreu ao ser atingido por uma árvore durante a tarde de sábado, na Redenção, foi identificado pelo Instituto Médico Legal como Lenir Heinen, de 64 anos (foto à direita). Natural de Santa Cruz do Sul, morava há mais de duas décadas em Porto Alegre, onde atuava como juiz do trabalho.
Pai de três filhas e avó de uma menina de 13 anos, o advogado costumava exercitar-se frequentemente pelos parques da cidade. A Redenção era um dos destinos mais escolhidos por Heinen, que caminhava pelo menos três vezes por semana no local.
Amigos e familiares o descrevem como uma pessoa muito dedicada à família e ao trabalho.
— Ele era muito disciplinado em tudo — conta a filha Juliana Heinen, de 39 anos.
O advogado, que morou e estudou em Três de Maio, no noroeste gaúcho, durante a juventude, ingressou na magistratura trabalhista em 23 de novembro de 1992. Por cinco anos, ele atuou nas comarcas de Rio Grande e Camaquã, na Região Sul. Atualmente, era titular da 7ª Vara do Trabalho de Porto Alegre e vinha atuando como desembargador, convocado na 7ª Turma Julgadora do Tribunal.
Perícia na manhã deste domingo constatou que partes do tronco e da raiz estavam necrosadas
A queda de uma árvore de cerca de 25 metros, na tarde de sábado, na Redenção, com a morte de um homem, fez a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam) de Porto Alegre decidir contratar uma empresa para analisar a situação dos eucaliptos na Capital. Como há necessidade de licitação, o pente-fino, com ajuda de uma máquina de ultrassom que a prefeitura não tem, só deve ser concluído entre um mês e meio ou dois meses, conforme explica o secretário Claudio Dilda.
Na perícia técnica realizada na manhã deste domingo, a constatação foi de que, embora aparentemente saudável, o vegetal estava com partes do tronco e da raiz necrosadas (apodrecidos), o que causou a queda. Mesmo assim, o secretário garante que não há motivos para pânico entre frequentadores dos parques da Capital — somente nas proximidades do eucalipto que despencou, há outros 18 exemplares da mesma idade, pouco mais de 50 anos. Por telefone, Dilda conversou com Zero Hora. Confira trechos da entrevista:
Zero Hora — O que a perícia técnica constatou?
Cláudio Dilda — O que a gente pode perceptivelmente verificar, a olho nu, é que a queda deveu-se à necrose interna do eucalipto. Ou seja, por fora não se enxerga nada, é uma árvore normal, mas internamente está necrosado. Ou seja, ele está apodrecido na parte inicial do tronco e indo para as raízes.
Zero Hora — As raízes também estão apodrecidas?
Dilda — Parte delas também, e outras, não. Como se trata de uma árvore que pesa em torno de sete toneladas, incluindo a galhada, com 25 metros de altura, com chuva, solo encharcado de água com a semana de chuvas que tivemos, mas, principalmente, pela necrose interna, aconteceu a fatalidade.
Zero Hora — Isso não poderia ter sido visto antes?
Dilda — Visível, não. A parte dela, em contato com o solo, como muitas outras próximas a ela, está perfeita. O problema é interno. Então, para isso, já estamos, já que é um primeiro evento que acontece com esse tipo de árvore, o eucalipto, aparentemente muito resistente, nós deveremos ou adquirir ou contratar uma empresa para fazer uma avaliação, com equipamento ecográfico que faz esse trabalho.
Zero Hora —A Smam fiscaliza as árvores da Capital. Com essas fiscalizações e com análises do vegetal não teria como ter sido percebido o problema?
Dilda — Externamente não tem absolutamente nada.
Zero Hora — Mas não há testes e análises que se possa fazer, além da visualização, para identificar possíveis problemas?
Dilda — Sim, existem. Só que é um equipamento tecnológico sofisticado, que a Smam não tem. Nem sei quem é que teria aqui no Estado.
Zero Hora — Que aparelho é esse?
Dilda — É um aparelho que faz a análise, uma espécie de ultrassom, que faz uma análise radiográfica o interior da árvore, assim como nós temos os nossos para o corpo humano.
Zero Hora — Quantos eucaliptos há na Redenção?
Dilda — Tem bastante. Só em torno do eucalipto que caiu tem 18. São eucaliptos que têm mais de 50 anos. Não saberia dizer quantos são em toda a Redenção. Boa parte desses 18 que estão aqui são do mesmo período, têm mais de 50 anos. Esse eucalipto que caiu tem essa idade aproximadamente.
Zero Hora — Há 18 eucaliptos só aí perto de onde houve o acidente. Os usuários devem se preocupar com isso?
Dilda — Acredito que não há necessidade de desenvolver uma preocupação obsessiva, porque senão a gente não sai de casa e acaba instalando a síndrome de pânico. Não há necessidade disso. O que aconteceu aqui foi efetivamente uma fatalidade. Eu diria que não há necessidade de pânico. Podem frequentar o parque, sim.
Zero Hora — Mas a constatação é de que não havia como perceber o problema. A árvore aparentemente parecia sadia, mas estava necrosada e caiu. Como é possível ter a garantia de que se pode ficar tranquilo perto de uma árvore que aparentemente é sadia se aconteceu essa queda, com uma morte?
Dilda — Eu te digo o seguinte: aparentemente todos os veículos da rua estão devidamente com seu freio, com seu motor bom. Não tem como, é a fatalidade. É isso que define o termo, fatalidade. Agora, face a isso, que nessa espécie de eucalipto é a primeira vez que acontece, além de continuar fazendo o que sempre se fez, monitoramento, sete dias por semana, com equipe permanente aqui, vamos encaminhar a aquisição ou, o mais provável, contratação de uma empresa.
Zero Hora — Em quanto tempo?
Dilda — Já determinei para o setor técnico que elabore um termo de referência para provavelmente a contratação de uma empresa, porque nós não temos técnicos capacitados para operacionalizar esse tipo de equipamento. Para que tudo isso ocorra de uma maneira mais rápida, provavelmente vamos licitar uma empresa para fazer esse pente-fino.
Zero Hora — Isso demoraria quanto tempo?
Dilda — É o tempo de uma licitação, que pode levar de um mês e meio a dois.
FONTE: CLIC RBS / ZERO HORA
Category: noticias nacionais
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